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Fatos e mitos sobre o mau hálito

O mau hálito, ou halitose, normalmente é motivo de gozação. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, ele pode sinalizar doenças importantes. E, pior, a maioria dos portadores de halitose não percebe o problema. “O nariz acostuma-se com o odor e deixa de percebê-lo. Por isso não adianta improvisar nenhum tipo de teste em si mesmo”, diz Marcos Moura, presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA). A entidade criou até um serviço que avisa, por email ou carta, quem possivelmente está com o problema, o SOS Mau Hálito. Basta uma pessoa próxima entrar no site e fazer o pedido. Há cinco anos no ar, o serviço recebe cerca de 130 pedidos por mês de pessoas com vergonha de mandar o recado pessoalmente. “O mau hálito ainda provoca muito constrangimento social. Até mesmo quem tem intimidade com o paciente, como namorada, cônjuge, irmãos e filhos, muitas vezes evita falar abertamente sobre o assunto”, afirma Celi Vieira, cirurgiã-dentista.

A maioria das pessoas acha que o mau hálito tem origem no estômago, mas apenas 1% dos casos é ligado a ele. “Apesar de ser atribuída a vários fatores – desde estresse até doenças do aparelho digestivo –, cerca de 90% dos casos de halitose têm origem na boca”, diz a dentista. Os outros 10% podem estar ligados a distúrbios digestivos, metabólicos, hormonais, hepáticos, renais e nas vias aéreas superiores, além da falta de vitaminas. A origem também pode ser uma doença que gere compostos leves facilmente eliminados pela expiração (como insuficiência renal), alterações sistêmicas que promovam desvios no padrão salivar (como a Síndrome de Sjogreen), ou medicações que diminuem a quantidade de saliva, o que pode aumentar a concentração de substâncias à base de enxofre na boca. E infelizmente a higiene bucal não impede o mau hálito nesses casos. O dentista especializado em halitose é a pessoa mais indicada para prescrever o tratamento quando a origem está na cavidade bucal. Mas outro profissional de saúde pode ser mais apropriado para tratar as outras causas.

De acordo com uma pesquisa feita pela ABHA, cerca de 30% da população brasileira têm halitose crônica ou ocasional – próximo de 60 milhões de pessoas. “Nem sempre quando uma pessoa acha que está com mau hálito ela realmente está sofrendo de halitose”, afirma Celi. Essa condição pode ser passageira, como ficar muito tempo sem comer ou beber água, ou ter comido alimentos que acentuam o hálito ruim, como alho, cebola, pimenta ou peixe cru. Quando passageiro, o problema acaba com a higienização oral. O portador de halitose já se acostumou ao odor e precisará que alguém que o cerca o conte. “Daí a importância da sinceridade dos mais próximos para corrigir o problema”, diz Celi. Segundo ela, minimizar a queixa de uma pessoa que sente o próprio hálito alterado só piora. “Mesmo que só ela sinta, isso já é o suficiente para afetar sua qualidade de vida. Geralmente, essas pessoas sofrem muito mais do que o portador de halitose real”, afirma.

Como evitar o problema

• Além de escovar os dentes depois das refeições, use fio dental para remover o alimento que possa ter ficado entre os dentes. Isso evita a proliferação das bactérias.

• Higienize a língua. Quando a crosta esbranquiçada que reveste a parte superior da língua (saburra) for espessa, use um limpador apropriado. Quando for fina ou invisível, limpe delicadamente com uma gaze.

•Balas e chicletes não mascaram o mau hálito. Os produtos que contêm açúcar podem acabar estimulando a produção do ácido produzido pelas bactérias– o que causa mau hálito e cáries.

• Beba muita água e evite bebidas alcoólicas e com cafeína, como café, chá preto, chá verde e mate. Álcool e cafeína, quando consumidos em grande quantidade, têm a propriedade de deixar a boca seca, criando um ambiente favorável às bactérias causadoras de cáries e mau hálito.

• Evite comer doces entre as refeições e, principalmente antes de dormir, já que a quantidade de saliva diminui durante o sono, contribuindo para piorar o hálito.

• Alimentos à base de derivados de leite, carne vermelha e de peixe favorecem a alteração do odor bucal. Eles devem ser comidos com moderação. Por outro lado, inclua mais frutas e vegetais crus à sua alimentação – como cenoura, pepino e erva-doce.

• Procure um dentista a cada seis meses para fazer a limpeza dos dentes e identificar cáries, infecções e outros problemas que podem contribuir para a halitose.

* Reportagem publicada no site da revista Época no dia 06/10/2011