Solução feita com semente da fruta prolonga vida útil do tratamento.
Material pode reduzir visitas ao dentista para troca de restaurações.
Um estudo da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) concluiu que a aplicação do extrato da semente de uva nas restaurações dentárias com resina proporciona mais durabilidade ao tratamento. Segundo os pesquisadores, o composto natural é rico em antioxidantes, capazes de aumentar a resistência da dentina, evitando a deterioração.
A aplicação do extrato da semente de uva pode fazer com que os pacientes precisem trocar menos as restaurações. A descoberta, porém, não interfere nas visitas frequentes ao dentista.
Testes
A durabilidade do material usado nas restaurações após tratamento de cáries é um dos principais problemas enfrentados por profissionais da área. Isso porque gera gastos extras e a deterioração pode causar infiltrações no dente trazendo prejuízos à saúde da boca. Os dentistas recomendam que as restaurações sejam substituídas a cada oito anos.
No trabalho desenvolvido em conjunto com a Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, a pesquisadora Ana Beatriz Silva Sousa usou 48 dentes humanos livres de cáries e sem nenhuma restauração. Eles foram separados em quatro grupos – um não recebeu nenhuma aplicação ou solução, e nos outros três foram aplicadas a clorexidina, a doxiciclina, normalmente usadas na restauração, e a solução com o extrato da semente da uva.
Em seguida, todos os dentes foram restaurados da forma tradicional e submetidos a saliva artificial e a um processo para simular o desgaste. O estudo mostrou que os dentes que receberam o extrato de semente de uva tiveram um desgaste 80% menor do que aqueles que receberam as restaurações comuns.
A pesquisadora afirma que há uma degradação entre a união do material restaurador e do dente. “Esses agentes [antioxidantes da uva] atuam diminuindo essa degradação, que leva a uma restauração com maior longevidade.”
Ana Beatriz explica que as substâncias do extrato de semente de uva são capazes de aumentar a resistência da dentina, um componente do dente. “Ele também pode ajudar em outros aspectos. O colágeno da dentina pode ser reforçado pela utilização de materiais a base de flavonoides”, diz.
Estética
Segundo a coordenadora da pesquisa Fernanda Panzeri, o próximo passo é tornar o extrato mais adequado aos padrões estéticos, já que o produto possui cor avermelhada, característica da uva. “Para que a gente tenha uma restauração adequada, sem a interferência da cor do produto, nós temos que mudar a cor, transformando em uma cor mais próxima da restauração do dente, para permitir uma restauração com durabilidade maior, mas sem interferir na estética do paciente”, afirma.
A previsão, segundo as pesquisadoras, é que o produto chegue ao mercado nos próximos dois anos.
Fonte: G1 Globo