A boca é uma verdadeira colônia de bactérias, que se fixam na superfície dos dentes, nas próteses ou na própria mucosa, formando o biofilme. Esses micro-organismos, se acumulados, podem causar doenças locais, como a cárie, a gengivite e a periodontite, mas também podem desencadear problemas em outras partes do corpo.
Depois de uma cirurgia na boca, uma limpeza de tártaro ou ainda se uma pessoa ignora uma infecção, pode acorrer a bacteremia transitória. Isso acontece quando as bactérias acham uma saída na boca para entrar na corrente sanguínea, com acesso a todo o corpo. “A presença de bactérias na corrente sanguínea pode causar problemas graves quando atinge o coração, como a endocardite bacteriana”, diz Alessandro Silva, cirurgião buco maxilo facial.
Essa doença é uma infecção causada por bactérias, que ocorre nas válvulas cardíacas ou nos tecidos do coração, e pode ser mais grave se o paciente tiver próteses cardíacas ou alguma má-formação do coração. Segundo um estudo feito pela Universidade Federal do Piauí, o índice que mortalidade da endocardite é de 21% em pacientes com má-formação cardíaca e de 50% em pacientes com próteses.
Outros problemas pelo corpo
Para piorar, essas bactérias bucais podem causar outras infecções tão ruins quanto a endocardite. “E aí elas acabam sendo muito mais difíceis de serem tratadas, pois não estão em seu ambiente natural e, por isso, não há inimigos naturais para auxiliar no combate”, diz Alessandro.
Pneumonia a artrite reumática são algumas das doenças que as bactérias da boca, uma vez na corrente sanguínea, podem causar. No caso da pneumonia esses micro-organismos levam a infecção para os pulmões, já na artrite, eles inflamam as articulações.
Prevenção e o papel do dentista
O papel do cirurgião-dentista é fundamental quando se trata de prevenir que as bactérias da boca circulem pelo corpo. Ensinar como fazer uma higienização bucal correta e frequente (com a utilização de fio dental e raspadores de língua) é o primeiro passo, tanto para prevenir infecções, quanto para evitar intervenções cirúrgicas. “O cirurgião-dentista também deve ser devidamente treinado para diagnosticar os pacientes que possuem fatores de risco e tratá-los com mais cautela”, diz Alessandro.
(Adaptado de saúde.terra.com.br)